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1 de junho de 2009

Dica de filme brega! MãoNella!

Este é um pequeno artigo que postei no blog de nossa turma de Letras "Littera Denutata" para a professora de Literatura e Erotismo, Luciana Borges:

P.S.: o filme é tãããão brega que vale a pena assistir com os amigos, fica muito mais hilário!kkkkkkkkk!


Uma ótima dica de filme: quem gosta de comédia erótica, ao estilo pornochanchada, pode se divertir com o filme “Mão nela”, ops! Monella (em inglês, Frivolous Lola). Apesar de a narrativa do filme ser uma água com açúcar, as cenas fazem rir muito, ou porque são realmente engraçadas, ou porque são extremamente ridículas. A história, adaptada de um romance homônimo, se passa em uma vila da Itália, na década de 50 e conta as travessuras de uma jovem cabeluda (meu Deus, quanto cabelo! Não existia lâmina de depilar? rsrsrsrs), virgem (aham...sei.), que estava noiva de um padeiro, o qual pensava que o casal só deveria fazer sexo depois do casamento. Mas como o fogo da garota era muito grande (até brincar de bem-me-quer, mal-me-quer com os quilômetros de pêlos pubianos era brincava!), no desenrolar da trama, ela briga com o noivo e se contamina com pensamentos eróticos envolvendo seu suposto padrasto(detalhe: Lola não sabia se o homem era seu pai ou não!).
Seria um dos objetivos da história nos fazer pensar em incesto? Ou nos fazer refletir sobre o conceito de virgindade? De moralidade? São hipóteses plausíveis. Mas o que mais se destaca nesta história é a desconstrução do estereótipo da mulher virgem. Entende-se por “estereótipo”, a imagem e/ou idéia pré-concebida para com uma pessoa, grupo social, raça, classe, coisa ou situação; ou, de acordo com Regina Célia de Souza, autora do artigo “Atitude, Preconceito e Estereótipo”,

É um conjunto de características presumidamente partilhadas por todos os membros de uma categoria social. É um esquema simplista, mas mantido de maneira muito intensa e que não se baseia necessariamente em muita experiência direta. Pode envolver praticamente qualquer aspecto distintivo de uma pessoa – idade, raça, sexo, profissão, local de residência ou grupo ao qual é associada. Quando nossa primeira impressão sobre uma pessoa é orientada por um estereótipo, tendemos a deduzir coisas sobre a pessoa de maneira seletiva ou imprecisa, perpetuando, assim, nosso estereótipo inicial.

O estereótipo de uma moça virgem é o de uma moça recatada, frágil, tímida, doce, subordinada à classe masculina, que se faz respeitar. Ser uma “virgem impura”, nas décadas de 20 e 30 preocupava os moralistas, pois a perda da virgindade antes do casamento, significava a desonra da família, a perda de um casamento rentável, etc.. O hímen era como uma porta valiosíssima, de ouro, a qual só podia ser arrombada depois do casamento. Este pequeno pedaço de pele, o hímen, era a chave para uma vida com o futuro digno de uma dona de casa. Dele dependiam as relações entre as famílias da sociedade, relações comerciais etc. Porém, atualmente, esta idéia do “hímen intacto antes de casar = futura vida de mulher digna” que, antigamente, era admitida nas relações sociais, foi se deteriorando com o passar dos anos e também devido a momentos históricos importantes, como o movimento feminista. Na Itália, no século XVII, três intelectuais se tornaram precursoras do feminismo: Lucrécia Marinelli, que produziu, em 1601, “La Nobilità e l’Eccelenza delle Donne” (A Nobreza e a Excelência da Mulher); Moderata Fonte, que produziu, em 1600, “Merito delle Donne” (Valor da Mulher) e Arcângela Tarabotti, que escreveu “Antisatira” (Anti-sátira), “Difesa delle Donne contro Horatio Plata” (Defesa da Mulher contra Horácio Plata) e “La Tirannia Paterna”.

O movimento feminista não se baseou somente na queima de sutiãs em praças públicas, mas sim na luta pela emancipação feminina, na luta pela igualdade entre os sexos, na liberdade de expressão do pensamento e do corpo da mulher, do direito de a mulher ter sua autonomia. No filme supracitado, a personagem Lola pode, em certos telespectadores, causar certo “estranhamento”, já que suas atitudes são completamente opostas às atitudes das mulheres da década de 50, visto que a mesma revela abertamente o desejo de fazer sexo, se mostra uma moça que questiona, que retruca, que expõe seus desejos carnais. Este “estranhamento” se dá pelo fato de haver resquícios do pensamento vigente dos “puristas” da época. A pessoa que o sentir irá pensar que a personagem está agindo não como uma típica mulher e ainda por cima, virgem. Irá pensar que esta está tendo atitudes de homem, devido à sua liberdade de atos e pensamentos.

A história da literatura traz imagens contraditórias como as da Nossa Senhora, da mulher idealizada, da bruxa, da jovem inocente, da sedutora, da mãe dedicada ou da femme fatale. A diversidade das imagens estereotípicas, porém, se junta numa estrutura dualista: elas dividem o feminino numa forma idealizada e demoníaca. Até há pouco tempo atrás, a maioria das mulheres recebia uma educação voltada apenas para os afazeres domésticos, não tendo acesso à cultura e às informações. Não tinham direito ao voto e não podiam trabalhar fora de casa. Além disso, era preciso que se mantivesse casta, para isso sendo vigiada durante a vida toda, primeiramente pelo pai, e, mais tarde, pelo marido, na falta deste, pelos filhos (Reisner, 1999).

Na verdade, Lola apresenta um comportamento que poderíamos chamar de amoral, a partir do momento em que ignora as convenções sexuais e o pudor, trata com naturalidade a exposição do corpo, inclusive das partes genitais e não se importa com as convenções sociais.

Ficou curioso? Quer saber se o padrasto de Monella é mesmo o pai dela? Quer saber se ela conseguirá se manter virgem até o casamento? Não vou dizer. Vou parar por aqui, afinal, esta sessão é de Dicas de Filmes e Livros... e não contarei o final da história...


Ficha Técnica:
Título Original: Monella / Frivolous Lola
Gênero: Comédia Erótica
Origem/Ano: ITÁ/1998
Duração: 99 min
Direção: Tinto Brass
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